sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Entendendo a Musicoterapia.




Quando falo em Musicoterapia, a pergunta é:
- Música o que?
Quando falo que sou musicoterapeuta, as pessoas acham que faço algo holístico, não entendem como ciência que requer nível superior, muito estudo e muitas horas de estágio em diferentes instituições, para poder pegar o tão sonhado diploma.
Musicoterapia ainda é pouco conhecida aqui no Brasil, mas, nos USA, Europa, Argentina, Israel é uma profissão reconhecida e muito utilizada em diferentes áreas.
Num segundo momento, as pessoas acham que eu sou DJ, ou professora de música, etc. As dúvidas ainda são grandes. Essa confusão se dá porque  trata-se de uma profissão hibrida entre arte e saúde, e transitamos entre dois saberes distintos.
O musicoterapeuta é um profissional da área da saúde. Temos o mesmo entendimento da psicologia e psiquiatria, o que difere é o manejo dentro do setting.

Então vamos lá. Vamos entender um pouco sobre a Musicoterapia?

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Sou Bacharel em Musicoterapia, graduada pela Unespar/Fap em Musicoterapia.
Musicoterapia é uma prática que envolve música, sons, frequências, num contexto clínico de tratamento, reabilitação ou prevenção de saúde e bem-estar, com base em evidencias cientificas. Decorre num processo sistemático ao longo do tempo, efetuado entre pessoas ou um grupo e um musicoterapeuta, através de um conjunto de técnicas baseadas na música e nas propriedades físicas e matemáticas da música, empregadas no tratamento de problemas somáticos, psíquicos ou psicossomáticos.
A música faz parte da trajetória existencial humana. Esta prática de saúde vem sendo utilizada pelo homem como instrumento de expressão, prazer e cura de doenças desde os primórdios da civilização. 
A Musicoterapia contribui para a prevenção, promoção e produção de saúde. Nosso entendimento é igual ao da psicologia e psiquiatria, mas, com manejos diferentes.
       ”Musicoterapia é um processo sistemático de intervenção em que o musicoterapeuta ajuda o cliente a promover a saúde  utilizando experiencias musicais e as relações que se desenvolvem através delas como forças dinâmicas de mudança”
Definindo Musicoterapia – Bruscia
           ”A Musicoterapia é o campo da medicina que estuda o complexo som – ser humano – som, para utilizar o movimento, o som e a música, com o objetivo de abrir canais de comunicação no ser humano, para produzir efeitos terapêuticos, psico profiláticos e de reabilitação no mesmo e na sociedade”
Teoria da Musicoterapia – 
Benenzon
            “Musicoterapia é a utilização da música e/ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, num processo para facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas.  A Musicoterapia objetiva desenvolver potenciais e/ou restabelecer funções do indivíduo para que ele/ela possa alcançar uma melhor integração intra e/ou interpessoal e, conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida, pela prevenção, reabilitação ou tratamento”.
Federação Mundial de Musicoterapia – 1996
                   * Outra dúvida recorrente é a seguinte:
      - Se eu escutar música clássica ou música "calma", estou fazendo Musicoterapia?
Resposta: Não. 
Pode ser prazeroso, relaxante, mas, não se trata de Musicoterapia, porque, Musicoterapia é um processo, com começo, meio e fim, totalmente estruturado, pensado, estudado, com objetivos claros. 
A escuta musical pode ser colocada em alguns atendimentos, mas, sempre que for colocada, terá como objetivo a evolução do processo musicoterapêutico.


                              CURIOSIDADES:

Os gregos foram sem dúvida os mais prestigiados preconizadores desta terapêutica. Os grandes pensadores da Grécia, os primeiros filósofos, já compreendiam as potencialidades musicais no tratamento de distintas enfermidades. Neste sentido, é que Leinig afirma que como Hipócrates foi chamado o Pai da Medicina, podemos reconhecer em Platão e Aristóteles os precursores da Musicoterapia. Platão recomendava a música para a saúde da mente e do corpo, e para vencer as angústias fóbicas. Aristóteles descrevia seus benéficos efeitos nas emoções incontroláveis e para provocar a catarse das emoções” (Leinig, 1977, p. 15). 
Grandes nomes da cultura grega antiga se associam à impulsão da musicoterapia. Os gregos utilizavam a música numa lógica preventiva e curativa, muitos eram os que a aconselhavam e demonstravam seus enormes benefícios.1 Pitágoras desenvolveu a noção de cura através dos intervalos rítmicos da melodia musical, considerando que a música continha efetivos poderes curativos quando bem empregada, intitulando esta terapêutica como 'purificação' (cf. Watson et al, 1987, p. 23): “[…] a música restaurava a harmonia tanto por refletir os números do macrocosmos (Pitágoras – ou o “efeito alopático”) quanto por purificar o corpo através de atividade catártica (Aristóteles e o “efeito isopático”)” (Ruud, 1990, p. 16). Durante o período arcaico, sabe-se que por volta do século VII existiu uma escola de música para mulheres, liderada pela poetisa Safo, também música e musicoterapeuta (cf. Borges & Cardoso, 2008, p. 20). Já então se sabia dos benefícios que a musicoterapia trazia ao bem-estar do indivíduo, de uma forma plena e permanente. Percebia-se a saúde como um estado de equilíbrio entre corpo e mente e a música, desempenhando a música uma fonte de harmonia na natureza humana (cf. Sousa, 2005, p. 122). 

Propriedades Terapêuticas da Música.

A música enquanto instrumento da musicoterapia é muitas vezes considerada como um meio potenciador de cura. A música provoca alterações substanciais no organismo humano e potencia o desenvolvimento das faculdades intelectuais, bem como emocionais (cf. Leinig, 1977, p. 19). O papel curativo da música pode afigurar-se por distintos pressupostos. Julgamos que pode advir das enormes potencialidades emotivas que nos engajam com seu poder catártico bem como pode provocar alterações de equilíbrio homeostático a nível fisiológico que facilitam a melhoria do estado de saúde. É dentro destas constatações que Bruscia vem percepcionando o valor curativo da música confirmando portanto que a utilização das experiências musicais e as relações que se desenvolvem através destas experiências podem curar mente e corpo e induzem autocriação (cf. Bruscia, 1997, p. 75). Deste mesmo modo […] há muitas noções diferentes sobre que tipos de música podem ser usados para fins curativos ou terapêuticos. Alguns terapeutas associam a música especificamente às emoções, outros consideram o impacto direto do som sobre as células do corpo e, ainda outros, desenvolveram maneiras de associar a música a imagens visuais para estimular as mais diversas respostas da mente subconsciente. Os enfoques variam de interpretação intuitivas e metafísicas da música, até modelos neurológicos puramente científicos (Watson e Drury, 1990, p. 14), Especificamente, apresentamos alguns exemplos dos benefícios curativos da musicoterapia: a redução da dor crônica associada à utilização de música de estilo New Age que consegue reduzir significativamente a dor. Para este efeito são apontadas ainda músicas clássicas através das quais se consegue visualizar imagens mentais (cf. Bergold & Alvim, 2009, p. 534) como é o caso das obras de autores como Mozart ou Bethoven. A música curativa é toda aquela que possibilita a aquisição de bem-estar, de desprendimento do patológico, ainda que na presença da doença.
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Para a ciência, não há dúvidas de que a música tem um impacto nas emoções, no comportamento e na saúde de cada um de nós. Quando tocamos um instrumento ou ouvimos alguma gravação, diversas áreas do cérebro são instigadas — poucas atividades intelectuais têm um efeito tão amplo. Regiões responsáveis por atividade motora, memória, linguagem e sentimentos são recrutadas para interpretar os estímulos sonoros, mas essas reações não se limitam à massa cinzenta. Experimentos mundo afora vêm testando e reconhecendo o poder terapêutico das melodias para enfrentar os males que abalam a mente e também o corpo. Tanto é que estudiosos já ousam encará-las como um remédio de verdade, com prescrição de dose e esquema de uso.
Os trabalhos pioneiros nessa área foram iniciados na psiquiatria e mostraram que as composições têm um papel a cumprir em doenças como a ansiedade e a depressão.
“Elas também são capazes de reduzir o nível de stress durante um procedimento cirúrgico, baixam a pressão arterial e a frequência cardíaca e até aceleram a recuperação após uma sessão de exercício físico”, lista o fisiologista Vitor Engrácia Valenti, da Universidade Estadual Paulista , em Marília, que publicou uma série de pesquisas que investigam essas questões. Mas será que todos os estilos musicais têm o mesmo efeito?



Como funciona a musicoterapia?


É justamente aí que entra a figura do musicoterapeuta, profissional que faz uma graduação de 4 anos, com o objetivo de aplicar a música como um tratamento complementar às mais diversas condições.
Lançamos mão de técnicas que envolvem a audição, a recriação de sons, a composição e o ato de tocar um instrumento para alcançar um objetivo terapêutico, sempre levando em consideração o histórico e as preferências do paciente.
Essa profissão, que começa a ganhar mais força e destaque no Brasil, tem atuação garantida em diversas áreas da saúde. Pode aprimorar, por exemplo, o aprendizado na infância ou até mesmo dar suporte para que crianças com autismo, interajam melhor com amigos e familiares, por exemplo. 
Por meio dos sons, trabalhamos habilidades importantes, como os movimentos corporais, a memória e o raciocínio, além da percepção auditiva e espacial.
A musicoterapia ganha espaço em outras fases da vida. Ela vem se mostrando um recurso importante após um AVC, especialmente nos casos em que o indivíduo desenvolve uma sequela chamada afasia. Nessas situações, há uma dificuldade em encontrar as palavras para descrever as coisas e se comunicar com os outros. Por meio das canções, essa recuperação se torna mais suave e natural. O mesmo princípio se encaixa em outras doenças, como o Alzheimer e o Parkinson. 
Há tentativas ainda mais sofisticadas que envolvem criar melodias específicas voltadas para tratar determinadas condições, como o zumbido no ouvido, insonia ou o excesso de estresse, através de batidas binaurais, onde por meio de fones, nós mandamos frequências de sons diferentes para os ouvidos direito e esquerdo, o que traz um ganho ao cérebro.
A Musicoterapia trabalha em diferentes contextos e necessidades, com grandes resultados. Nós atuamos desde o principio da vida até a gerontologia, isso compreende a gestação (Musicoterapia pré-natal). Nesse universo atendemos pessoas com ou sem necessidades especiais, reabilitação motora e de fala, transtornos psíquicos e emocionais, dificuldade no aprendizado, problemas de saúde em geral, cuidados paliativos, enfim, tudo o que compreende a saúde integral do ser humano.

Resumindo:
O Musicoterapeuta usa a música e seus elementos – som, ritmo, melodia e harmonia – para a reabilitação física, mental e social de indivíduos ou grupos. Emprega instrumentos musicais, canto, frequências e ruídos para tratar seus pacientes/clientes.
Atua, também, na área de reabilitação motora, no restabelecimento das funções de acidentados ou de convalescentes de acidentes vasculares cerebrais. Auxilia estudantes com dificuldade de aprendizado e contribui para melhorar a qualidade de vida de idosos e pacientes de doenças crônicas. Também promove a reabilitação de dependentes químicos e a reintegração de menores infratores, alem de ser cientificamente comprovado também os benefícios para as gestantes e seus bebês e nos diferentes transtornos de saúde mental e emocional. Podemos trabalhar em hospitaisclínicasinstituições de reabilitação ou centros de geriatria e gerontologia,  home care, escolas regulares e de educação especial e nas empresas (Musicoterapia organizacional).

O que fazemos:

Clínica: atendemos idosos, crianças com dificuldade de aprendizagem, pessoas com deficiência intelectual e física, pacientes com problemas neurológicos e emocionais.
Psicoprofilaxia: prevenir e tratar problemas emocionais em adultos, crianças, gestantes e idosos.
Reabilitação: trabalhar na recuperação e reintegração de pessoas com distúrbios e deficiências mentais, dependentes químicos e menores abandonados.
Sonorização: criar projetos de sonorização de ambientes em indústrias, escritórios e estabelecimentos comerciais, a fim de reduzir o risco de estresse dos funcionários.

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