Falando um pouco sobre a “Saúde Mental” e de que forma a Musicoterapia pode contribuir nesse contexto.
Saúde mental é um termo usado para descrever o nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional. A Organização Mundial de Saúde afirma que não existe definição "oficial" de saúde mental. Diferenças culturais, julgamentos subjetivos, e teorias relacionadas concorrentes afetam o modo como a "saúde mental" é definida. Alguns itens são necessários para que se possa identificar quais são os reais critérios de saúde mental e neles estão contidos: atitudes positivas em relação a si próprio, crescimento, desenvolvimento e auto-realização, integração e resposta emocional, autonomia e autodeterminação, percepção apurada da realidade, domínio ambiental e competência social
Secretaria de Saúde do Estado do Paraná.
Transtornos Mentais são alterações do funcionamento da mente que prejudicam o desempenho da pessoa na vida familiar, social, pessoal, profissional e escolar. É prejudicial também na compreensão de si e dos outros, percepção da autocrítica, na tolerância dos problemas e na possibilidade de ter prazer na vida de forma geral.
Todos nós podemos conhecer alguém que tenha algum tipo de Transtorno Mental como: ansiedade, depressão, distúrbios alimentares, abuso de álcool ou outras drogas, transtorno de humor bipolar, síndrome do pânico, entre outras. Qualquer tipo de Transtorno Mental pode causar igual ou maior sofrimento e incapacidade como qualquer problema de saúde.
A doença mental ou transtorno mental possui particularidades diferentes de outras especialidades médicas. O diagnóstico é baseado em informações subjetivas na maioria das vezes, tornando-se uma questão complexa, pois são sintomas comportamentais, cognitivos e sensações relatadas pelo paciente. A maioria das doenças psiquiátricas não podem ser confirmadas por exames médicos laboratoriais ou clínicos.
Geralmente a doença mental é uma somatória de diferentes fatores e a pessoa entra em sofrimento, sentindo-se incapaz de levar uma vida normal.
Para maiores informações: Ballone GJ - O que são Transtornos Mentais - in. PsiqWeb, Internet, disponível em:
A Política Nacional de Saúde Mental, apoiada na lei 10.216/02, busca consolidar um modelo de atenção à saúde mental aberto e de base comunitária. Isto é, garante a livre circulação das pessoas com transtornos mentais pelos serviços, comunidade e cidade, oferece cuidados com base nos recursos que a comunidade oferece.
Como é o tratamento?
Existem muitos tratamentos que são efetivos para o Transtorno Mental, incluindo medicamentos e terapias. Diferentes profissionais atuam de maneira conjunta para que as pessoas que se encontram em sofrimento psíquico venham usufruir de uma vida plena e com maior qualidade.
De que forma a Musicoterapia pode contribuir?
A Musicoterapia tem a capacidade de mobilizar a subjetividade e se coloca como facilitadora da expressão e da troca dos sentimentos e pensamentos entre os participantes de um grupo terapêutico. A música é criada, experimentada, transformada, resignificada no momento da vivência musicoterapêutica, propiciando ao paciente: iniciativa, movimento, criatividade, inovação, entre outras.
A utilização da música a partir de um conhecimento musicoterapêutico, tem o poder de entrar em contato direto com as emoções e sentimentos internalizados e bloqueados. Possibilita entre outras coisas, transformações que levam à modificação de padrões cristalizado, promovendo a reconstrução da identidade e a construção da auto-estima.
A utilização da música a partir de um conhecimento musicoterapêutico, tem o poder de entrar em contato direto com as emoções e sentimentos internalizados e bloqueados. Possibilita entre outras coisas, transformações que levam à modificação de padrões cristalizado, promovendo a reconstrução da identidade e a construção da auto-estima.
Dúvidas e maiores esclarecimentos
marli.musicoterapeuta@gmail.com
PARALISIA CEREBRAL
O termo paralisia
cerebral (PC) é usado para definir qualquer desordem caracterizada por
alteração do movimento secundária a uma lesão não progressiva do cérebro em
desenvolvimento.
O cérebro comanda as funções do corpo. Cada área do
cérebro é responsável por uma determinada função, como os movimentos dos braços
e das pernas, a visão, a audição e a inteligência. Uma criança com PC pode
apresentar alterações que variam desde leve falta de coordenação dos movimentos
ou uma maneira diferente para andar até inabilidade para segurar um objeto,
falar ou deglutir, outras são gravemente afetadas com incapacidade motora
grave, impossibilidade de andar e falar, sendo dependentes nas atividades
da vida diária. Entre este dois extremos existem os casos mais
variados. De acordo com a localização das lesões e áreas do cérebro afetadas,
as manifestações podem ser diferentes.
O desenvolvimento do cérebro tem início
logo após a concepção e continua após o nascimento. Ocorrendo qualquer fator
agressivo ao tecido cerebral antes, durante ou após o parto, as áreas mais
atingidas terão a função prejudicada e, dependendo da importância da agressão,
certas alterações serão permanentes caracterizando uma lesão não progressiva.
Dentre os fatores potencialmente determinantes de lesão cerebral irreversível,
os mais comumente observados são infecções do sistema nervoso, hipóxia (falta
de oxigênio) e traumas de crânio. O desenvolvimento anormal do cérebro pode
também estar relacionado com uma desordem genética, e nestas circunstâncias,
geralmente, observam-se outras alterações primárias além da cerebral. Em muitas
crianças, a lesão ocorre nos primeiros meses de gestação e a causa é
desconhecida.
A paralisia cerebral é um termo amplo
que abrange muitos diferentes transtornos de movimento e postura. Para
descrever determinados tipos de distúrbios do movimento abrangidos pelo
termo, pediatras, neurologistas e terapeutas usam diversos sistemas
de classificação e rótulos de muitos. Para entender os diferentes tipos de
paralisia cerebral de forma mais clara, primeiro precisa-se entender o que os
profissionais querem dizer com o tônus muscular. Todas as pessoas com
paralisia cerebral têm prejuízos para a área do cérebro que controla o tônus
muscular. Como resultado, eles podem ter aumentado o tônus muscular, diminuição
do tônus muscular, ou uma combinação dos dois.
Existem quatro tipos principais de paralisia cerebral:
- Paralisia cerebral espástica (movimento
dura e difícil)
- Paralisia Cerebral diatônica
(Movimentos involuntários e descontrolados)
- Paralisia Cerebral atáxica (sentido
perturbado do equilíbrio e percepção de profundidade)
- Paralisia Cerebral Mista (envolve vários
tipos).
Não há dois casos semelhantes. Algumas
crianças têm perturbações ligeiras, quase imperceptíveis, que as tornam
desajeitadas a andar, falar ou a usar as mãos.
Causas
Em cada 1000 bebês que nascem, dois podem ser
afetados por Paralisia Cerebral. A Paralisia Cerebral não é geralmente de fator.
Pode ser causada por hemorragias, deficiência na circulação cerebral ou falta
de oxigênio no cérebro, traumatismo, infecções, nascimento prematuro e
icterícia grave neonatal.
Não se sabe exatamente, num grande número de caso,
como e porquê a criança foi afetada, mas sabe-se que houve uma lesão,
geralmente antes do nascimento, na altura do parto, ou após este, que é
responsável pela deficiência.
Desde que o médico inglês William
Little, nos anos 1860s, descreveu pela primeira vez as alterações clínicas
encontradas em uma criança com PC e relacionou estas alterações com hipóxia
(baixa de oxigênio), se valorizou muito o papel da hipóxia perinatal e dos
traumas de parto como fatores determinantes de lesões cerebrais irreversíveis.
E mesmo depois de Sigmund Freud, em 1897, ter chamado a atenção para o fato de
que se muitas das crianças apresentavam além das alterações motoras, outros
problemas, tais como, retardo mental, convulsões e distúrbios visuais, o mais
provável é que a causa pudesse estar também relacionada com agressões ocorridas
em fases bem mais precoces da vida intra-uterina, a hipóxia perinatal foi
considerada até recentemente como a principal causa de PC. O pensamento de
Freud era que em certos casos, os problemas ao nascer seriam, na realidade,
conseqüência de um desenvolvimento anormal do cérebro.
Durante anos, essas observações de
Freud não foram muito valorizadas até que no final dos anos 1980s, pesquisas
importantes realizadas nos Estados Unidos e na Austrália demonstraram que tanto
a hipóxia quanto outros problemas neonatais não são as principais causas de PC
e que na maioria das crianças com PC a causa era desconhecida. Desordens
genéticas, fatores teratogênicos ou outras influências nas fases iniciais da
gravidez teriam que ser mais intensamente investigadas. Com os avanços da
tecnologia para diagnóstico, principalmente nas áreas da imagem e da genética,
uma melhor compreensão das causas de PC vem sendo cada vez mais possível. Um
número significativo de crianças que antes recebiam o diagnóstico de PC por
hipóxia perinatal porque demoraram para chorar e tiveram cianose (ficaram
roxinhas), hoje, depois da ressonância magnética, recebem o diagnóstico de uma
malformação cerebral, e a implicação deste fato é que a causa do problema é uma
desordem genética ou um fator agressivo ocorrido nas primeiras semanas ou meses
de gestação.
Dentre as causas pré-natais, além das
desordens genéticas, as mais importantes são infecções congênitas (citomegalia,
toxoplasmose, rubéola) e hipóxia fetal decorrente de complicações maternas,
como no caso das hemorragias. A exposição da mãe a substâncias tóxicas ou
agentes teratogênicos tais como radiação, álcool, cocaína e certas medicações
principalmente nos primeiros meses de gestação são fatores de risco que têm que
ser considerados.
As causas perinatais estão relacionadas
principalmente com complicações durante o parto, prematuridade e
hiperbilirrubinemia.
As principais causas de paralisia cerebral pós-natal são infecções do
sistema nervoso central (meningites e encefalites), traumatismo
crânio-encefálico e hipóxia cerebral grave (quase afogamento, convulsões
prolongadas e parada cardíaca).
Diagnóstico
Dificuldade de sucção, tônus muscular
diminuído, alterações da postura e atraso para firmar a cabeça, sorrir e rolar
são sinais precoces que chamam a atenção para a necessidade de avaliações mais
detalhadas e acompanhamento neurológico.
A história clínica deve ser completa e
o exame neurológico deve incluir a pesquisa dos reflexos primitivos (próprios
do recém-nascido), porque a persistência de certos reflexos além dos seis meses
de idade pode indicar presença de lesão cerebral. Reflexos são movimentos
automáticos que o corpo faz em resposta a um estímulo específico. O reflexo
primitivo mais conhecido é o reflexo de Moro que pode ser assim descrito:
quando a criança é colocada deitada de costas em uma mesa sobre a palma da mão
de quem a examina, a retirada brusca da mão causa um movimento súbito da região
cervical, o qual inicia a resposta que consiste inicialmente em abdução
(abertura) e extensão dos braços com as mãos abertas seguida de adução
(fechamento) dos braços como em um abraço. Este reflexo é normalmente observado
no recém-nascido, mas com a maturação cerebral, respostas automáticas como esta
são inibidas. O reflexo de Moro é apenas um entre os vários comumente
pesquisados pelo pediatra ou fisioterapeuta.
Depois de colhida a história clínica e
realizado o exame neurológico, o próximo passo é afastar a possibilidade de
outras condições clínicas ou doenças que também evoluem com atraso do
desenvolvimento neurológico ou alterações do movimento como as descritas
anteriormente. Exames de laboratório (sangue e urina) ou neuroimagem
(tomografia computadorizada ou ressonância magnética) poderão ser indicados de
acordo com a história e as alterações encontradas ao exame neurológico. Estes
exames, em muitas situações, esclarecem a causa da paralisia cerebral ou podem
confirmar o diagnóstico de outras doenças.
Desordens Associadas
O termo paralisia cerebral implica
alterações do movimento, mas a presença de outros distúrbios deve ser
investigada e o sucesso do tratamento depende da abordagem correta de todos os
problemas associados
· Epipelsia
· Alterações Visuais
· Deficiência Auditiva
· Constipação
· Dificuldade para Alimentação e atividades da vida diária.
DE QUE MANEIRA A MUSICOTERAPIA PODE
CONTRIBUIR?
A Musicoterapia é um processo sistemático de intervenção em que o
terapeuta ajuda o cliente/paciente a promover saúde, utilizando
experiências musicais e as relações que se desenvolvem com as forças dinâmicas
de mudança através destas experiências. A visão de intervenção através da
Musicoterapia está longe de ser pensada como a cura pela música, mas tem como
objetivo trabalhar juntamente com outras disciplinas, para que haja atendimentos
pontuais e específicos e desta forma também promover melhoras para o indivíduo
com necessidades especiais, sejam elas físicas, auditivas, mentais ou de
distúrbios psicológicos.
O atendimento musicoterapêutico para a reabilitação dos indivíduos que
tenham diagnóstico de paralisia cerebral (adulto ou criança) tem como metas
terapêuticas, entre outras, o de estimular habilidades
sensório-motoras, auditivas, proprioceptivas e de coordenação motora através da
atividade de tocar instrumentos musicais, vocalizar ou cantar ou se expressar
através de gestos ou comunicação corporal , descobrindo e estruturando sua
própria identidade.
Promover mudanças no individuo através das vivências musicais são os objetivos globais da terapia.
Promover mudanças no individuo através das vivências musicais são os objetivos globais da terapia.
Uma
avaliação musicoterapêutica é realizada para registrar a capacidade natural da
musicalidade existente no indivíduo, indiferente de ter recebido estimulação
musical ou não. A partir desta avaliação são identificados os objetivos
terapêuticos e as prioridades do tratamento de reabilitação, que podem ser:
- Ampliar
expressão e comunicação;
- Praxias;
- Manutenção
para a limitação das incapacidades;
- Qualidade
de vida.
As
funções musicais exigem operações mentais que implicam no discernimento visual
e auditivo e, para sua execução, na atividade motora , requer a coordenação de
diversos músculos e processos cognitivos e emocionais que estarão
envolvidos na compreensão da música.
Estratégias
A
grande mola propulsora para desencadear a atividade motora estruturada e
inteligente, é o querer “fazer”. O interesse leva ao caminho mais curto da
sabedoria. A palavra “interesse” exprime uma relação de conveniência entre o
indivíduo e o objeto que lhe importa em dado momento. A mobilização de tocar
instrumentos musicais acontece naturalmente mediante a motivação do indivíduo,
que é a vontade de transitar pelo universo sonoro instrumental.
A
adaptação no instrumento musical possibilita a estimulação da coordenação
motora, todo o desempenho do tônus muscular global, além de atenção,
concentração, planejamento e aquisição de aprendizado, entre outros.
A
experiência de utilizar a própria voz nas nuances da música e o desafio de
cantar com musicalidade favorecem o treino da fala, da linguagem e memória,
dentro de um ambiente de afetividade, criatividade e descontração.
A
memória auditiva é de natureza afetiva. Compreende a memória do som, a memória
melódica e a memória harmônica. Para o desenvolvimento da memória, em primeiro
lugar, se estabelece o interesse pela música ou pelo instrumento. Este
interesse desperta atenção, tornando-se, em certos casos, em concentração. Os
principais meios metodológicos para o desenvolvimento da memória são: a
repetição, a associação e a análise. Distingue a memória muscular, a do
movimento e a do ritmo. A memória rítmica, de ordem fisiológica apela para a
memória do movimento.
O
desenvolvimento implica na organização do indivíduo a partir de sua interação
com o meio ambiente. Pessoas que por alguma deficiência estabelecem uma troca
pobre e inadequada com o ambiente podem ter um comprometimento em seu
desenvolvimento. Portando, consideramos importante que se possibilite a
interação, em especial da criança, com o meio ambiente, transformando-o e
transformando desta maneira suas estruturas mentais, motoras e sensoriais.
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