sexta-feira, 27 de abril de 2012

Transtorno Bipolar e Musicoterapia






           Transtorno Bipolar é um transtorno do humor ou transtorno afetivo (apenas questão de nomenclatura), caracterizado por variações alternadas de estados depressivos com maníacos (Mania aqui descrita significa um estado exaltado de humor), onde a pessoa apresenta variações desse humor em curto espaço de tempo. Até pouco tempo atras era conhecido como psicose maniaco-depressiva.
O Transtorno Bipolar do Humor atinge de igual maneira homens e mulheres. Pode também atingir as crianças, manifestando-se com sintomas predominantes de humor ansioso e irritável. As famílias são afetadas diretamente, mas amigos, empregadores ou qualquer pessoa que conviva de forma mais estreita também é afetada.
Por experiência própria, posso dizer que o humor do Bipolar é irritável, impaciente, pavio curto, tem necessidade de falar demais, tem urgência com as coisas e a sensação de que os outros são lentos. Tem o “dom” de distorcer o que as pessoas falam e isso acaba gerando outras conseqüências. Não mede sua intensidade vocal, faz julgamento precipitado é intempestivo, passional, muda de opinião facilmente e normalmente se arrepende em questão de minutos do que fez ou disse no momento da alteração do humor. Só que no instante em que  faz e/ou fala julga ser a coisa mais correta do mundo, mesmo que seja coisas agressivas.
O sofrimento dos que convivem diariamente com o portador de TB, vem por conta dessa convivência que é transformada em uma montanha russa constante.
Suas características principais são: Alternâncias de humor extremas entre a euforia e a depressão, que fogem das variações emocionais normais cotidianas


Tipos: Aceita-se a divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo II. O tipo I é a forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de euforia ou mania alternados com os depressivos. As fases maníacas não precisam necessariamente ser seguidas por fases depressivas, nem as depressivas por maníacas. O tipo II caracteriza-se por não apresentar episódios de mania ou de hipomania com depressão.

ENTENDENDO MELHOR SOBRE O QUE É -  MANIA, HIPOMANIA E EUFORIA.
           
MANIA: O termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a mesma coisa. Mania em psiquiatria significa um estado exaltado de humor.

OS PRINCIPAIS SINTOMAS DA MANIA SÃO:

• Aumento da Energia: excesso de atividade no trabalho, estudos, compras; aumento de conversas ao telefone, de sexo, exercícios, viagens ou noites na internet;
• Humor irritável ou mais raramente eufórico;
• aumento da agressividade, presença de impaciência com tendência a brigas;
• Aceleração de pensamentos, muitas idéias, devaneios e distrações presentes
• Aumento da atividade mental, muitas idéias e planos;• Mania de grandeza;
• Pensamentos com conteúdo exageradamente positivo: otimismo, sentimento de superioridade, arrogância, coragem, perda de timidez;
• Aumento da impulsividade e de atividades de risco (esporte, gastos, sexo.)
• Abuso ou dependência de álcool e/ou drogas• Diminuição da necessidade de sono.

HIPOMANIA: Hipomania é uma alteração de humor semelhante à mania, porem com menor intensidade. A pessoa se sente muito bem, com bastante energia. Normalmente a necessidade de sono diminui e a libido aumenta. Os sintomas são os mesmos da mania, porém em intensidade reduzida.

ALGUNS SINTOMAS DA HIPOMANIA:

Segundo o DSM.IV, para caraterizar um episódio de Hipomania deverão ser encontrados ao menos três sintomas dos descritos abaixo no comportamento do indivíduo:

* auto-estima em alta ou grandiosidade (sem delírios)
* pouca necessidade de sono;
* compulsão para falar demais;
* fuga de idéias e pouca concentração;
* prática de mais atividades dirigidas a objetivos;
* agitação psicomotora
* excesso de atividades prazerosas com alto potencial para conseqüências danosas (excesso em compras, por exemplo)

Para caraterizar o episódio hipomaníaco é necessário que estes comportamentos não tenham sido causados pelo uso de drogas ou de medicamentos antidepressivos.

EUFORIA: Assim como a depressão, a euforia ou mania também se caracterizada por alterações no humor, na cognição, na psicomotricidade e nas funções vegetativas. Com características opostas àquelas alterações observadas na depressão, o paciente apresenta elevação do humor, aceleração da psicomotricidade, aumento de energia e idéias de grandeza, as quais podem ser até delirantes. As formas clínicas da euforia variam de acordo com a intensidade e o predomínio dos sintomas afetivos, das alterações psicomotoras e da presença de sintomas psicóticos. Em sua forma clássica a mania se caracterizada por humor exageradamente expansivo (chamado de elação), aceleração no ritmo do pensamento, agitação psicomotora e pensamentos delirantes de grandiosidade. Dependendo da gravidade do Episódio Eufórico as idéias delirantes podem fazer confundir o quadro com um surto esquizofrênico.

OS PRINCIPAIS SINTOMAS NA FASE DA DEPRESSÃO SÃO:

• Sentimento de culpa, baixa auto-estima;
• Idéias de suicídio.
• Tristeza, sensação de vazio;
• Perda de interesse por atividades que antes gostava;
• Desesperança, desamparo;
• Alterações de sono (sono excessivo ou insônia);
• Alterações de apetite (perda de apetite ou excesso de alimentação);
• Dificuldade de concentração, dispersão;
• Sensação de lentidão, ou inquietude;
• Sensação de grande cansaço;
• Desamor

Informações contidas nos sites:
Ballone GJ - Transtorno Afetivo Bipolar, in. PsiqWeb, internet, disponível em www.psiqweb.med.br.


O QUE DEVE SER FEITO?

Primeiramente é preciso admitir que está sofrendo de uma patologia, que esta precisa ser tratada, e só com tratamento medicamentoso e terapia é que haverá uma melhora de todos os sintomas. É necessário aceitação tanto racional como emocional. O tratamento é feito por um médico psiquiatra, para que seja ministrado o medicamento adequado e a dosagem adequada, mas esse processo demanda tempo, pois de pessoa para pessoa tanto o medicamento quanto a dosagem são modificadas, além de ser necessário e indispensável aliar medicamento à terapia.
Mesmo depois de iniciar o tratamento médico, é importante persistir e não desanimar, não abandonar os medicamentos nem a terapia, pois o tratamento exige tempo e dedicação e não se pode perder o foco que deve ser a qualidade de vida e o bem estar pessoal e também das pessoas de sua convivência.

Os familiares também devem procurar ajuda especializada para saber de que forma podem minimizar os sofrimentos e qual a melhor maneira para lidar com o portador de T.B.

ONDE PROCURAR AJUDA?

A especialidade que cuida do TB é a psiquiatria. Pode-se procurar atendimentos gratuitos em:
UBS - Unidades Básicas de Saúde (postos de saúde)
CAPS - Centros de Apoio Psico-Social.


DE QUE FORMA A MUSICOTERAPIA PODE CONTRIBUIR?

A Musicoterapia é considerada como uma terapia diferente das demais terapias, porque faz uso da música como fator mobilizador, desbloqueador de emoções e sentimentos, e pode ser uma das formas de auxiliar a pessoa diagnosticada como portadora de Transtorno Bipolar a seguirem com uma vida mais saudável, uma vez que se trata de uma terapia não invasiva.
Segundo LEINIG (1977), alguns psiquiatras têm recomendado o uso da música no tratamento adicional do Transtorno Bipolar, considerando que ela tem propriedades que tornam possível atrair e prolongar a atenção do indivíduo, penetrando em seu mundo interno e tirando-o de sua conduta depressiva. Isto, segundo a mesma autora, demonstra que por uma estimulação, através do ritmo pode-se modificar o ânimo atual do paciente, estabilizando as flutuações de humor. BRUSCIA (2000) tem como finalidade permitir que o paciente sinta-se valorizado, clareando idéias confusas, ensinando a encarar a vida positivamente e a aceitar as coisas como elas são.
A aceitação é um ponto chave no tratamento de pacientes com Transtorno Bipolar.

O desenvolvimento musicoterapêutico deve ser no sentido de trazer o paciente para a realidade, uma vez que a patologia e os medicamentos (conforme o caso) favorecem o desligamento com a realidade. Através da música, com seu ritmo, melodia e harmonia, este é estimulado a conectar-se com seu tempo mental e aos poucos é trazido para o presente. A música faz com que o indivíduo expresse suas ansiedades, tensões, desejos, alegrias. A música entra em contato direto com as emoções e sentimentos internalizados, muitas vezes bloqueados.
          No atendimento musicoterapêutico, pode-se propiciar um relaxamento mental, desviando os pensamentos perturbados do paciente, pode-se rememorar uma situação vivida e a partir disso, conduzir o paciente a confrontar consigo mesmo, além de trabalhar os preconceitos enfrentados por ele. 
A Musicoterapia visa dar suporte para a vida social e familiar, bem como objetiva melhorar a qualidade de vida.

Referências:

LEINIG, C. Tratado de Musicoterapia. São Paulo: Sobral Editora, 1977
BRUSCIA, K. E. Definindo Musicoterapia. Rio de Janeiro: Enelivros, 2000





Um comentário:

  1. Parabéns pelo artigo, interessante o uso da música de forma complementar ao tratamento tradicional com medicação e psicoterapia,
    através da música o sujeito encontra o seu próprio ritmo mental, que harmonizado numa melodia irá trazer mais conforto emocional.

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